quinta-feira, 30 de agosto de 2012

As Músicas na História



Livro: MELLO, Zuza Homem de. SEVERIANO, Jairo. A canção há História. 85 anos de Músicas Brasileiras. Volume 1: 1901-1957. São Paulo: Editora 34, 1997.
MELLO, Zuza Homem de. SEVERIANO, Jairo. A canção há História. 85 anos de Músicas Brasileiras. Volume 2: 1958-1985. São Paulo: Editora 34, 1998.

Dia destes passeando pela Biblioteca SP, no Carandiru, deparei-me com o livro “A canção no tempo – 85 anos de músicas brasileiras” do Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello, dois reconhecidos estudiosos da música brasileira. Sem muita vontade de fazer uma leitura, mesmo que superficial, na hora peguei o segundo volume, que dá conta dos anos de 1958 a 1985. cheguei em casa e comecei a folheá-lo com maior atenção. Adorei, os autores tiveram uma ideia genial. Ano a ano foram listando as músicas mais relevantes, explicando a origem de cada uma, em alguns momentos sua importância para a história da música, sua composição acidental ou preparada. Informações preciosas, que apontam que Elis Regina, além de um faro incrível para talentos musicais também tinha uma grande inspiração para mexer em alguns arranjos, como o de “Upa, neguinho” de Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri, depois de muito insistir com Edu Lobo, que não queria que ela gravasse a música, Elis ainda colocou “os breques com percussão nos versos: capoeira/ posso ensinar, ziquizira/ posso tirar, valentia, posso emprestar, mas liberdade só posso esperar...” Ou ainda que a música “Soy loco por ti América”, foi pedida por Caetano Veloso a Capinam tão logo o cantor soube da morte de Che Guevara. Ainda sobre Caetano a letra de Sampa foi feita para um depoimento do compositor baiano sobre a cidade de São Paulo para um programa da tevê Bandeirantes; ou seja, em vez de falar Caetano preferiu cantar seu amor pela cidade fazendo referências àquilo que o compositor considera referencial na cidade que adotou na década de 1960 para viver. Há também, talvez, o maior sucesso de Antonio Carlos e Jocafi, “você abusou”, que a princípio não despertava muito a fé dos compositores que fosse virar, “acreditando mais em ‘mudei de idéia’ que deu título ao seu primeiro elepê.”
Enfim, as surpresas são muitas, a leitura agradabilíssima, e, em tempos de internet, é possível ouvir todas as músicas enquanto se lê um breve histórico da mesma. Para um professor os livros (há ainda o volume 1 que aborda as músicas de 1901 a 1957) são um prato cheio, uma mão na roda. Falo por experiência própria, já preparei e dei uma aula sobre as músicas de 1950 a 1961, de Getúlio a JK, que foi muito boa, pois foi possível aliar a leitura do momento à leitura das letras das músicas. Apesar do preço um tanto salgado, a média de R$ 35,00 cada livro, vale cada centavo do investimento.

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