GILMOUR, David. O clube do filme. Um pai. Um filho. Três filmes por semana. [trad.
Luciano Trigo] Rio de Janeiro: Intrínseca, 2009
Confesso que quando ouvi
falar desse livro fiquei todo empolgado. Estava iniciando a minha experiência
com filmes, de maneira mais ordenada e elaborada com adolescentes, então nesse
livro eu poderia encontrar alguma orientação de como agir, sem contar que minha
filha estava nascendo, e como todos os pais estava já preocupado com sua
formação, o que precede e sucede à educação escolar.
A história começa quando
o pai percebe que o filho, adolescente, não estava indo bem na escola, ao
contrário, estava ficando cínico, mentiroso, preguiçoso, sem perspectiva de
futuro alguma. Sem saber o que fazer, o pai acaba arriscando tudo, propondo ao
filho que ele abandonasse a escola, por um período, mas seguido a esse abandono
ambos teriam uma sessão semanal de três filmes, escolhidos pelo pai pelo tempo
que durasse a ausência da escola.
A ideia me pareceu muito
interessante, é claro que eu não chegaria ao radicalismo de aceitar um abandono
da escola. Na verdade fiquei me perguntando, como foi que a situação chegou
nesse ponto. É claro que como professor mais ou menos imagino, o caminho
trilhado até chegar nessa situação. Enfim, a situação estava dada, a solução,
radical, encontrada, testada e relatada no livro.
Minha
decepção com o livro começou quando os filmes eram apenas citados, no máximo um
resumo de duas linhas sobre o enredo, eventualmente a reação do filho,
comentários, bastante superficiais sobre a obra e o restante do livro um relato
sobre como o pai é realmente um banana e o filho um, como diria minha mãe, bobo
alegre.
É
bem verdade que o livro mostra uma aproximação entre pai e filho, mas fiquei me
questionando, essa aproximação é verdadeira, para usar a expressão que estou me
segurando, é profunda? Vejo, na história do livro, “dois perdidos numa noite
suja” andando como se fossem bêbados vendo filmes e? E não ficamos sabendo
nada. A não ser que o menino consegue ser aprovado em algo que me parece ser o
supletivo e fica “superfeliz” da vida. Os gritos dele me lembraram os que eu
emiti quando passei no vestibular “eu consegui”. No ensino médio, nem na
formatura eu fui.
Enfim,
saí da leitura do livro mais decepcionado do que satisfeito, não acrescentei
nada às minhas expectativas com relação ao projeto de filmes dentro da escola
que estava pensando e nem no que se refere à educação paterna, que exerço hoje
em dia acrescentei algo positivo, mas tenho a certeza, meus filhos jamais
chegarão ao ponto de serem derrotados pela escola, por mais que ela seja ruim
para tergiversarem pelo supletivo e se satisfazerem com isso como se tivessem
descoberto a pólvora.
Eis
uma leitura que não aconselho a ninguém.
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